quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

a falta k me fazes...

É o teu rosto que me protege do vazio
ele traz a luz primordial de todas as coisas vivas
que se debatem no mundo a fugir da morte
Espero-te violentamente
Evito visitar-me quando tu não estás
Porque há um mundo de precipícios em queda dentro de mim
em que não me convém demorar

(E a noite é uma longa espera quando tu não estás)

Enquanto espero passo a noite a escrever-te
Encho paginas inteiras de ti

(o sabor da tua pele)

O desejo vai-me movendo as sílabas de uma palavra para outra
Tu és o seu corpo em cada sílaba que profiro

trago-te obsessiva
na respiração das coisas
desde que acordo
até me que me deixo vencer pelo cansaço
e adormeço só para te reencontrar
outra vez nos meus sonhos

(diz-me para onde vais tu quando não estás comigo?...)

Olha,repara, é um fio do teu cabelo no meu pente
encontrei-te nas coisas da casa
nos talheres
nos copos
nos cremes que me esqueço de usar
nos livros que desarrumo e não leio
Nos teus cd’s favoritos
Que não me canso de ouvir
na maneira como compões o meu minúsculo espaço
grande quando tu entras nele e o tornas teu

e...

em tudo o que ficou
em tudo o que será
naquilo que não sei nomear
(sim é o medo)
No que não traz sentido
E onde nos revejo
com toda a clareza

Mas trago-te também na alegria das flores
no cheiro do café da manhã
no sabor do pão quente com manteiga
no jornal matutino aberto sobre a mesa
Tudo me fala de ti
Tudo tem sabor a ti...

Continuo à espera

Quero impossíveis
Não sei ser doutro modo...

Vais ter de te conformar à ideia
De que sou lamentavelmente lírica e incompetente
nisto das relações pessoais e já agora em tudo o resto também
já te tinha dito que comigo não vais a lado nenhum, não tinha?...

...Mas eu sou tudo quanto tenho para te oferecer...

E Tu és um mau habito que se entranhou na pele

Sim eu gostava de poder regressar ao sitio onde te encontrei
Onde me revelei
E poder virar-te as costas

Ou matar-te ali mesmo
de esquecimento

E prosseguir incólume
Alheia a ti
E ao teu feitiço

E nunca mais magoar-te também...

Entretanto espero pela madrugada chegar
Escrevo-te pela noite fora

(é melhor enfrentar as horas assim, acredita)

Pressinto-te até nos estalidos
daquilo que é diário e quotidiano
e que me contraria até à exaustão
E que só não me enlouquece de fúria
Porque existes tu e a tua ternura
do outro lado das coisas
a apaziguar


no fundo impronunciável de todas as coisas
existes tu


Vejo-te partir e voltar
Onde antes era eu a fazer isso...
mas tu trocaste-me as voltas

E este meu oficio de viver
É-me cada vez mais difícil de levar…


Partes e estás
em tudo o que me rodeia


Voltas e sabes-me a pouco...






Mas amanhã

Quando voltares

Serei o teu bichinho de estimação

Enroscar-me-ei no mais fundo de ti

Só para me anular

Resolverei assim todas as minhas psicoses?...

Sem comentários: