sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cá dentro é só INQUIETAÇÃO...



"A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda"

José Mário Branco

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tou a pensar k a noite às vezes é um saco de cansaços enrolado na sua própria solidão...

N sei no k hj em mim me falta...

Ode à noite (inteira)


"Gosto do momento, exacto ou nem por isso,
em que se torna possível colar cartazes
nas paredes ao lado dos meus ombros (espero
o autocarro, vejo devagar, sorrio). Mas
gosto, sobretudo, dos cães quase sem dono
que roçam as esquinas, pisando restos de garrafas
- ou das pessoas que desconheço
e das bebidas todas que ignoro
(porque me matam menos e se chamam
- como eu - insónia, pesadelo, golpe baixo).

Existem, claro, raparigas louras um tanto
heteredoxas que não te apetece beijar
(a forca do bâton, perfeita - o cigarro aceso
pedindo outro lume). Essas mesmas que hão-de
um dia procriar com zelo, evitando rugas,
tumores e o mundo como representação misógina.
Mais lírica, sem dúvida, é a lavagem das ruas,
com a cerveja a premiar a farda
demasiado verde e os bigodes de serviço.

Outros, alguns, tornam concreto o torpor
de um charro e pedem-te em crioulo básico
um cigarro português que tu vais dar,
sem esforço nem palavras. Entre shots, piercings,
t-shirts de Guevara e gel, podes não acreditar
por algumas horas no axioma frágil do teu corpo.
Esfumas-te, como eles, no espelho de um bar
qualquer, país de enganos e baratas. E
quase gostas disso, quase: a música de punhais,
servil, um certo e procurado desencontro.
Um táxi te ensinará depois o caminho de casa
- ou o seu contrário, pois só ali (anónimo
e desfocado) eras finalmente tu, ou podias ser.

O resto, a vida, fica para outra vez."





Manuel de Freitas

sábado, 8 de maio de 2010

"Raining again" do Moby numa wicked remix :)



"Never know but nothing less
Couldn't see that I have guessed
Couldn't see, couldn't stay away

I never even stopped to dream and
That Id see anything and
The world is coming out so cold

Oh, and it's raining again
Light on your car light, bullets on tin
Oh, and its raining again
Open the door and pulling me in

Nothing here but nothing less
Cold heart is stuck in this
Couldn't say the kindest words we knew

Everything I tried to say but
no one listens anyway
I had to give up everything that I knew

Oh, and it's raining again
Light on your car light, bullets on tin
Oh, and its raining again
Open the door and pulling me in

Oh, and it's raining
Raining again
Oh, and it's raining
Raining again

Nothing here but nothing less
Everything we both regret
Couldn't say the kindest words we knew
Cause it was winter time and
We wanted some more time and
We watched the girls try something knew

We didn't even stopped to see that
That It was breaking me and
the world is coming out so cold
What you want you couldn't get, you
Couldn't wait for something less, you
had to give up everything you knew

Oh, and it's raining again
Light on your car light, bullets on tin
Oh, and its raining again
Open the door and pulling me in
[2x]

Sadness like water raining down
Raining down, raining down, raining down
[5x]

Oh, and it's raining
Raining again
Oh, and it's raining
Raining again"

Moby

sexta-feira, 7 de maio de 2010

"Hurt"

éramos reis
não havia nd de errado ali no topo do mundo
podíamos ser tudo o ke kiséssemos ser
era só espetar mais fundo o sonho nas veias
sem dor nem culpa
sem frio nem fome
porque nada era tão belo e perfeito
e nunca estivéramos tão vivos
como kuando kuase mortos
acordar agora era impossível
e doía como facas a espetar na carne
recomeçar?...
aonde curar as nossas feridas?
em todo o lado, dentro de ti talvez, enganava-te eu,
pk afinal o pesadelo é acordar...e n te encontrar

"What have I become?
my sweetest friend
Everyone I know
goes away in the end"

keria k tu percebesses akilo k de mim desconheço

alone...

"Se o fruto caísse ao chão e não morresse
não frutificaria
numa solidão sem fim a vida ser-lhe-ía impossível

Já não sou eu mas outro que mal acaba de começar"
Samuel Beckett


Agora és futuro antes de aconteceres e passado logo ke o deixas de ser alheio a ti mesmo habitado por uma multiplicidade de pessoas lugares e sentimentos, nunca deixarás de existir dentro de ti mesmo, secular o peito batendo ao ritmo dum novo mundo noutro lugar o teu passado amanhã recomeçará a renascer do outro de ti mesmo apre(e)nderá o nome das coisas, o sabor o saber a geometria da vida e nunca deixarás de existir dentro de ti mesmo para recomeçares tudo de novo outra vez perdendo peso, perdendo bagagem em kualker sitio ganhando fôlego no teu passado nascerás dentro de ti sem ke tu o notes e te compreendas...numa solidão desalmada nasces, cresces ressentido com os pais aprendes as regras do jogo, arranjas emprego, endireitas a vida, assentas e casas, crias a tua própria família, largas os pais, agarras os filhos que com sorte não te odeiam também e deixam-te velho incoerente a berrar em silêncio pelo corpo fora pelo amor em sangue ke te é devido porque nunca fomos filhos de ninguém mas keremos alguém ke nos pertença desde o dia em ke nascemos possessivos plo seio da mãe até ao dia em ke morremos sem dentes para morder a vida e ainda assim a roer o osso duro da solidão ke nos deixaram sem ilusões de amor a renunciar a pouco e pouco à poesia de estarmos vivos...

...E às vezes as palavras não valem nada porkuanto todas as palavras ke sabemos são estas ke nos ensinaram e não outras ke nos revelariam em toda a luz as sombras de ke somos feitos sem nada para nos agarrarmos que não seja o imenso medo escorregadio de nos perdermos uns dos outros, mesmo antes de nos tocarmos, mas vamos balbuciando aos encontrões uns aos outros, o amor às avessas, dizendo "olá" "adeus", kuando keríamos gritar "amo-te" ou "não me deixes" estupidamente esperando ke alguém nos entenda mas como nunca ninguém nos entende morremos sós...


"I, feel the time, slowly drifting in my veins, Memories, remains
Confined, I'm alive, somewhere by the autumn leaves, Falling in between

'Cause no one's there to hold my head up high, No one's there to peace my mind

Alone, lies my soul, I'm so cold, I'm afraid, To find hollow life
Sleepless night, empty days

Opaque fading eyes stumble in my face, Through the crowd I forsake
Demised I'm aside weaked by the lonely haze, Of no point, no aim

'Cause no one's there to hold my head up high, No one's there to peace my mind

Alone, I'm afraid, To find hollow life, Sleepless nights, empty days

Alone..."

ALONE-Ramp

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ágape

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor."

Bíblia: Primeira Epístola aos Coríntios