Se ao menos pudermos salvar um verso nestes tempos
de fim de festa.
Se pudermos nos desviar da rota assassina de certas
“palavras balas” ( não nos esqueçamos nunca de evitar as palavras que nos
atingem à queima-roupa) e usar algumas “palavras salva-vidas” como só os
melhores poemas sabem fazer (não nos esqueçamos nunca de tomar, diariamente, a
dose certa de palavras que nos impeçam de nos matar).
Se exigirmos das palavras sentidos suficientes
para nos dizer amor como quem cheira, lambe, como quem se toca com a mão que
acaricia e usa de todos os sentidos e com eles abraça o mundo poderemos
pronunciar mais facilmente palavras para as usar mais tarde, quando mais
precisarmos como agora por exemplo…
(Vou guardar algumas dessa palavras salvíficas
dentro de uma garrafa de vidro e colar por fora este dizer” “quebrar em
caso de emergência”.)
A palavra não precisa de ser lida entre linhas, textos,
subtextos, pretextos para magoar. A palavra procura a distância da página ou da
tua boca para voar e dizer aquilo que sem ambiguidade diz.
Queremos palavras mais fortes que o silêncio.
Que sejam de uma clareza concisa e sem ressentimentoQue dancem musicais
Proferidas por ti que me lês
Na liberdade do lume do teu hálito quente...
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