Ao fim da tarde há uma brisa como mão a alisar o pêlo do ficcionista da vida real enquanto sussurra obscenidades ao ouvido. O vento tem destas coisas e acorda Insónias. Além do tempo e do espaço. Queima tudo por dentro. Mas a vida não pára e tu não és o que pensavas ser. Tu gajo banal com a cabeça cheia do tal ideal social a surrealizar por aí, estás preso na tua própria rotina, corcunda de camisa engomada e gravata apertada. Desespera-te a quimera. E o futuro é um furo no pneu de um carro desgovernado. É o que é. Uma pouca vergonha. É o que é..porque casa onde falta pão sobra confusão e falta tesão. E o português é um cão melancólico com dúvidas e dívidas e já não sabe se rosna, se morde ou se abana a cauda enquanto o dono não lhe dá com a trela. O tempo é só desastre e esquecimento. Desastre e esquecimento. Alternadamente.
without a clue...
sábado, 4 de maio de 2024
sexta-feira, 3 de maio de 2024
“O MAIS BELO ESPECTÁCULO DE HORROR SOMOS NÓS.
terça-feira, 15 de junho de 2021
Ausências
quinta-feira, 10 de junho de 2021
terça-feira, 8 de junho de 2021
domingo, 6 de junho de 2021
Meus pais
Meu pai
Minha mãe
Sem vocês sinto-me fora do tempo
Fora do lugar
Uma irrealidade irrespirável
Sem pátria, nem mátria
Vocês são o país da minha infância
Petrificado agora nas fotos onde os olhos e os sorrisos bailam em segredo
Onde vocês estão e são Deuses criadores
De todo um universo
E duns pobres diabos também
Chamados vossos filhos
Agora sinto o vento que brinca na copa das árvores e baralha as cores ao passar, verde escuro, verde claro e um pássaro canta bem alto a vossa ausência
E até pode ser que um melro venha comer-me à mão o resto destes dias sem vocês. Um melro não, um pardal é mais provável que sim. Mas o melro lembra-me de ti papá que tanto gostavas desse pássaro de negras asas e bico de fogo. E eu sei que vocês andam por aí no vento, na copa das árvores, no canto no bico de pássaro que a asa transporta.