segunda-feira, 21 de abril de 2008

Once upon a time...

...Ele olha-a por cima do ombro e murmura qualquer coisa como:
-Não te entendo...

Ela sacode os cabelos e atira:
-Eu também não te entendo...Hove um tempo, há muito tempo atrás que julgava que sim, que éramos feitos do mesmo barro, mas afinal não andei longe porque de tão diferentes que somos acabamos por ser iguais...iguais em erro

Ele esfumando-se em fumo comenta:
-Lá nisso tens razão miuda...estivemos completamente errados, iludidos, sei lá apaixonados...

Ela:
-Cala-te não percebes nada de nada, nunca soubeste sair do teu umbigo centro do universo!

Ele:
-E tu ages como se fosses a pessoa mais sensata sensível e sincera do Universo! Olha lá miuda porque é que não admites que não és lá grande coisa também?

-Eu não sou tua miuda e apaga a porra do cigarro se faz favor...raio de vicio

-Eu não disse que eras a minha miuda...eu nada de meu tenho, nem o teu amor e às vezes nem o meu umbigo, de meu só tenho os meus vicios (e apaga o cigarro)

Ela no limiar do choro:
-Porque é que não consegues levar nada a sério na tua vida?...Em que parte do percurso nos fizémos assim? Eu amava-te...

-Sempre tão dramática...Acabou porque tinha de acabar...Tu amavas a ideia romantizada que fizeste de mim e eu gostava que tu me visses assim, fazias-me sentir especial...mas agora não te sobra vontade nem olhos e já agora nem amor, para me veres senão como um cabrão filho da mãe e eu não gosto que tu me vejas assim, mesmo que o seja "capice"?...por isso não vale a pena insistir no que já vai tão torto...não fui eu que mudei és tu que já não me olhas da mesma maneira...

Ela exaspera-se e grita:
-Mentiroso, não podes, não vais sair assim da relação, investi muito da minha vida nisto, não pode ser só isto não podes ser só isto!! Odeio-te porque me fizeste ficar assim? Eu só queria alguém que me compreendesse, alguém a quem pertencer, que me pertencesse, porque é que nada nunca é suficiente...?

Ele:
-Que estupidez tanta coisa só porque hoje não me apetece jantar fora, estou cansado aqui ou ali somos os mesmos, mais vale acabar tudo, já nada temos para dizer um ao outro sozinhos ou acompanhados, só nos vamos agredir mutuamente é isso que queres?

A esta altura do "campeonato" o casal começa a discutir, a lavar a roupa suja e encardida do ressentimento e claro perdem a razão, mas a parte racional do casal, ele claro, resolve resolver o conflito fazendo palavras cruzadas, entretanto apercebe-se a tempo de que ela a nível linguistico é mais avançada do que ele e sugere-lhe então um miniteste de inequações, raizes quadradas e de identificação de sequencias e de padrões visuais ( nos quais acha-se manifestamente mais forte que ela) e quem acabar primeiro e com menos erros ganha, se nada disso for conclusivo fazem um "braço de ferro" para desempatar a contenda; porém a parte sensivel e emocional, ela claro, propõe antes comerem uma gigantesca bola de berlim com creme e seguidamente esfregar o creme violentamente na cara dele, ele não concorda em absoluto com a ideia e acabam ambos a fazer "origamis": ela faz cisnes enforcados pelas asas e ele só sabe fazer sapos para depois engoli-los vivos...mas os sapos dele não saltam e resultam numa digestão mais ou menos pacifica...mais à noitinha sempre acabam por ir ir jantar fora com um casal alienígena amigo e parece que por mais um dia "a coisa até passa"...também já estão tão habituados um ao outro (mesmo não se suportando mutuamente) que seria muito estranho separarem-se agora...

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